ATA DA QUADRAGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 26.05.1987.

 


Aos vinte e seis dias do mês de maio do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quadragésima Sétima Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas, constatada a existência de "quorum", o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídos em avulsos cópias da Ata da Quadragésima Sexta Sessão Ordinária, que deixou de ser votada em face da inexistência de "quorum". À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Cleom Guatimozim, 01 Projeto de Resolução n.º 10/87 (proc. n.º 1067/87), que concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Dr. Luiz Matias Flach; pelo Ver. Hermes Dutra, 01 Emenda ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo n.º 03/87 (proc. n.º 817/87), que dispõe sobre o enquadramento de servidores municipais regidos pela Legislação Trabalhista e Estatutários, detentores de curso superior à época da vigência da Lei Complementar n.º 81/83; pelo Ver. Hermes Dutra, 01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo n.º 05/87 (proc. n.º 1118/87), que acrescenta parágrafo único ao art. 9º da Lei Complementar n.º 7, de 07 de dezembro de 1973; pelo Ver. Werner Becker, 01 Projeto de Lei do Legislativo n.º 29/87 (proc. n.º 1073/87), que dispõe sobre a renúncia à prescrição. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios n.ºs 177/87, do Sr. Presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil; 285/87, do Sr. Prefeito Municipal; Ofício Circular n.º 5144/87, da Câmara Municipal de Cruz Alta, RS; Carta do Sr. Deputado Erani Müller, Presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Cleom Guatimozim comentou notícia veiculada pela imprensa local, acerca de incidente ocorrido com o Governador Pedro Simon, no Hospital de Pronto Socorro, quando S. Ex.ª visitava aquela Instituição, salientando que já foram tomadas, pelo Executivo Municipal, as providências necessárias para o devido esclarecimento do caso, e analisando o assunto. A Verª. Jussara Cony falou acerca do retrocesso observado no diálogo entre o Executivo e os funcionários municipais, no que se refere à greve empreendida pela classe municipal, destacando atitudes autoritárias tomadas pelo Prefeito Alceu Collares quanto ao assunto. Discorreu acerca do pronunciamento efetuado semana passada, em rede nacional de televisão, pelo Sr. Leonel Brizola, traçando um paralelo entre os posicionamentos assumido, ali, por S. Ex.ª e a realidade observada no decorrer de sua vida política. O Ver. Artur Zanella reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Cleom Guatimozim, acerca de incidente ocorrido no Hospital de Pronto Socorro, com o Governador Pedro Simon, discorrendo sobre o assunto. Analisou demissões de veterinários efetuadas pelo governo estadual em face da suposta extinção da febre aftosa no Estado, criticando a atuação do Gov. Pedro Simon frente ao Rio Grande do Sul. Destacando o alto nível dos técnicos das secretariais municipais, lamentou suas gradativas demissões em virtude da greve empreendida pelo funcionalismo municipal. O Ver. Kenny Braga referiu-se ao pronunciamento, de hoje, do Verª. Jussara Cony, acerca do “socialismo moreno” adotado pelo PDT, criticando o socialismo albanês encontrado na ideologia do PC do B e os posicionamentos assumidos pela Verª. Jussara Cony no decorrer de sua atividade política. Criticou a política adotada pela Nova República, tanto nas áreas política, econômica quanto social. Destacou que a situação difícil hoje apresentada pelo País deve ser combatida não apenas pelo partido no poder mas por todos os cidadãos brasileiros. Destacou a liderança exercida no Brasil pelo Presidente Nacional do PDT, Sr. Leonel Brizola. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Clóvis Brum, destacando que a esperança geral era de que no dia de hoje os funcionários municipais já se encontrassem trabalhando, em face de proposta formulada, semana passada, pelo Executivo Municipal, declarou sua perplexidade frente à mudança de atitude do Pref. Alceu Collares que acarretou um retrocesso nas negociações e a continuidade da greve. Solidarizou-se com os servidores municipais na busca de entendimentos que possam resolver dignamente a questão. A Verª. Jussara Cony, falando da linha ideológica que sempre seguiu no transcorrer de sua vida política, reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Kenny Braga, onde aquele Vereador tecia críticas a sua atuação e às posições defendidas pelo PC do B. Teceu comentários acerca do quadro econômico, político e social apresentado pela República Popular Socialista da Albânia. Às quinze horas e vinte e oito minutos, nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para as reuniões das Comissões Permanentes, a seguir, e para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Teresinha Irigaray e Frederico Barbosa e secretariados pelos Vereadores Frederico Barbosa e Teresinha Irigaray, a última como Secretária “ad hoc”. Do que eu, Frederico Barbosa, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Passamos ao período de

 

COMUNICAÇÕES

 

Com a palavra, o Ver. Cleom Guatimozim.

 

O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Parte da imprensa de hoje e de ontem divulga que o Sr. Governador do Estado, Pedro Simon, teria sido mal tratado no Hospital de Pronto Socorro. Ao tomar conhecimento do fato, imediatamente o Prefeito Alceu Collares buscou verificar o que realmente havia acontecido. Desse fato bastante confuso da ocorrência naquele local, verificou-se que o Sr. Governador estava no HPS para dar solidariedade e assistência às pessoas que foram atingidas por uma bomba que estourou no estação rodoviária. No hospital, segundo parte da imprensa, o Governador teria sido desconsiderado por funcionários e até mesmo teria chegado, como revide, a agredir um guarda municipal. Hoje pela manhã o Sr. Prefeito Municipal determinou uma severa sindicância no HPS para apurar esses fatos. De antemão, já sabemos que a ocorrência é bastante confusa, já que, inclusive, alguns jornalistas que acompanhavam o Governador disseram - e eu acredito - que S. Ex.ª o Governador não agrediu ninguém. Entretanto, um guarda municipal solicitou exame de lesões corporais, dizendo-se agredido pelo Governador. Essa ocorrência, que a imprensa trata hoje, está merecendo a atenção do Prefeito Municipal, que quer chegar ao esclarecimento, embora entenda S. Ex.ª que não tenha havido nada, mesmo porque o Governador não se queixou.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª, como Líder do PDT, está tratando de um assunto que eu pretendia tratar hoje. Esse assunto, no caso, sai fora da minha pauta, mas também pretendo tratar de outros assuntos relacionados com o Governo Estadual. O que eu acho incrível em todo esse episódio, e eu trabalhei bom tempo no Palácio Piratini - o Ver. Hermes Dutra e o Ver. Frederico Barbosa também, e fui Secretário Estadual de Governo -, é que nunca vi na minha vida um fato igual: uma fotografia do Sr. Governador, a mais alta autoridade do Estado, discutindo com dois guardas municipais, humildes guardas municipais, que ficam ali, na frente do Pronto Socorro, determinando internamento de pacientes. Diz o jornal que S. Ex.ª terminou entrando num quarto, determinou que a pessoa deitasse numa cama e “(...) o Governador ajudou o paciente a deitar em uma das camas. A confusão criada no impasse fez com que, em alto tom de voz, Pedro Simon ordenasse a todos que deixassem o quarto, isto é, expulsou os enfermeiros e terminou discutindo com uma enfermeira, que acabou dizendo que do quarto ninguém sairia, porque no Hospital de Pronto Socorro quem manda é o Prefeito e não o Governador”. Estou tentando me lembrar, dos governadores com os quais trabalhei, qual o governador que não sai do Palácio com Ajudante de Ordens, com o Secretário, enfim, vejo, também, que o Secretário da Saúde estava ali perto, mas foi estacionar um automóvel, ou coisa que o valha. Estavam junto, também, o Chefe de Polícia e o Diretor do Departamento de Polícia Metropolitana. Mas o que eu pretendia falar é que não consigo imaginar a que ponto estamos chegando, quando o Sr. Governador do Estado, sozinho, vai ao Pronto Socorro, obriga as pessoas a permitirem a entrada de pacientes, discute com guardas municipais, como se esta fosse a última província de um ultimo continente. Acho que isso é uma desmoralização e vai ser motivo para uma piada nacional. O Rio Grande do Sul, ultimamente, só aparece no cenário nacional através das greves ou com o seu Governador agredindo guardas municipais. Acho isto o fundo do poço, em termos do nosso Estado, que foi uma das maiores potências políticas do Brasil.

 

O Sr. Nilton Comin: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Cada um de nós tem sua ótica e a minha ótica é a seguinte: quem baixa alguém no Pronto Socorro não é o Sr. Governador, é o médico. Quem baixa um paciente em qualquer hospital é um médico. O que deve ter ocorrido é que o cidadão Pedro Simon foi ao Hospital para ajudar alguém. Houve um incidente que ainda não está esclarecido, mas eu não vejo nada de mais. Nos governadores nomeados, a quem o Ver. Zanella serviu muito bem, isso era normal, mas um homem escolhido pelo povo é normal que entre em qualquer lugar. Os regimes militares interditavam tudo. Chegava-se num aeroporto e estava interditado, ia-se a um Pronto Socorro e este estava interditado. Mas um homem popular, eleito pelo seu povo, pode ir a qualquer lugar.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acho que pode ir, menos para discutir com o guarda do Pronto Socorro. E, se quisesse orientação, poderia tê-la conseguido com o seu Vice-Governador, que foi um dos governadores nomeados com quem trabalhei. O governador podia ser nomeado, mas os funcionários eram concursados, como eu.

 

O Sr. Cláudio Dubina: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Pode ser governador, pode ser o bispo, mas para estar numa sala cirúrgica, ou onde se fazem curativos no Pronto Socorro, ou é médico ou é da enfermagem. Outra pessoa levará contaminação, e o Pedro Simon está muito contaminado nos últimos dias, não devendo comparecer a um ambiente desses.

 

O Sr. Nilton Comin: Gostaria que o Ver. Dubina dissesse qual o tipo de contaminação de que é portador o Governador.

 

O Sr. Cláudio Dubina: Pedro Simon está contaminado pelo vírus da raiva, ódio e egoísmo.

 

O Sr. Nilton Comin: Nesses termos não posso continuar a discussão.

 

O Sr. Frederico Barbosa: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Ver. Zanella disse que isto vai virar piada. Faço uma homenagem ao integrante de sua bancada, que já proporcionou a primeira piada de hoje pela manhã, na Rádio Gaúcha, através do Ver. Paulo Sant'Ana. O Sr. Flávio Alcaraz Gomes perguntou, se fosse o Gen. Flores da Cunha, se a situação ficaria assim como ficou no Pronto Socorro, ou seja, dando a entender que ele iria se impor, e com genial saída o Ver. Paulo Sant'Ana disse que o Gen. Flores da Cunha realmente não ficaria assim, pois naquele horário estaria jogando “pif-paf”. Então, em contorno ao acontecimento do Governador que esteve no Pronto Socorro discutindo com o porteiro, já saiu a primeira piada e, por isso, cumprimento o Ver. Paulo Sant'Ana, que mais uma vez mostrou sua criatividade.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Cleom Guatimozim, seu tempo está esgotado, mas o Ver. Cláudio Dubina cedeu o seu tempo a V. Ex.ª.

 

O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Agradeço ao meu companheiro de bancada. O motivo principal da minha vinda à tribuna é para dizer que o Prefeito Municipal abriu sindicância e achamos que é bastante constrangedor para ambas as partes que um guarda municipal compareça à polícia para registrar queixa contra o Governador. E eu repito: eu tenho certeza, porque estive sindicando, de que o Governador não agrediu o guarda. Entretanto, o guarda encontra-se com escoriações, tem um laudo do Instituto Médico Legal e acusa o Governador de tê-lo agredido. Este guarda deveria ser demitido por incompetência, porque o Governador está consumido nesses últimos dias, fisicamente, pelos problemas que enfrentou no Estado, e, se o Governador encostou um dedo nele e ele caiu, então é muito incompetente, a ponto de chegar e registrar queixa contra o Governador. Mas veja como esse fato é cheio de lances nada fáceis de esclarecer, porque, quando o guarda do Pronto Socorro compareceu à polícia para registrar queixa, verificou-se no computador que, em 1974, este guarda teve um problema qualquer e ficou preso lá. Foi registrar uma queixa e ficou preso. Então, a ocorrência que envolve a pessoa do Governador no Hospital de Pronto Socorro tem lances cômicos, tem lances bastantes difíceis de se penetrar para descobrir o que realmente aconteceu.

Mas a vinda nesta tribuna é para dizer que o Sr. Prefeito Municipal telefonou ao Governador, obteve dele informações e o Governador, inclusive, nega fatos que teriam se passado no Pronto Socorro. Parece-me que o Governador não está interessado me nenhuma providência, mas, mesmo assim, abriu-se uma sindicância no Pronto Socorro, procurando-se chegar a uma conclusão, uma vez que é um desrespeito ao poder civil, pois o Governador é a mais alta autoridade e não pode ser desrespeitado por nenhum funcionários e por nenhum cidadão, porque é um desrespeito ao poder civil e é um desprestígio. O cidadão deve seguir mais as regras da ética da sociedade, aquilo que a sociedade exige. É assim que o cidadão precisa se comportar.

 

O Sr. Nilton Comin: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu pergunto a V. Ex.ª e a qualquer Vereador desta Casa: se houver um acidente na rua e o cidadão passar com o seu carro e socorrer aquela vítima, o Governador deve ou não deve, o cidadão deve ou não deve prestar socorro? Qual é a resposta de V. Ex.ª e de qualquer Vereador aqui presente?

 

O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Entendo, Vereador, que o Governador, quando compareceu ao Pronto Socorro, o fez num ato de alta solidariedade por aquela bomba que explodiu e que feriu algumas pessoas, uma das quais se encontra internada. Acho que ele quis, como Governador, ser o primeiro a inteirar-se, ser o primeiro a dar solidariedade, ser o primeiro a chegar no local e mostrar que o Governador está atento a este problema também. Acho legítima a presença do Governador. Veja que, nesta manifestação, nós não estamos atribuindo culpa nenhuma ao Governador. Aliás, as instruções que o Prefeito deu à Liderança são exatamente de que colocasse nestes termos, de que seria apurado, através de sindicância, embora ele, Prefeito, e o Governador entendam que deve permanecer assim, sem mais nenhuma remexida neste caso, porque são resultado daquele atropelo, da excitação do fato da bomba, e que não está bem esclarecido.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Já que o Ver. Nilton Comin fez esta colocação a todos os Vereadores, sinto-me tentado a dizer a S. Ex.ª que são dois momentos distintos. O primeiro, a presença do Governador para dar apoio, investigar, ou coisa que o valha, os feridos, o resultado de uma bomba, porque ele está absolutamente correto, e acho que tem o aplauso de todos. Em segundo lugar, S. Ex.ª, ao chegar lá, não pediu para os médicos entrarem, para os enfermeiros, pediu ao contrário, pediu que saíssem. Ficaria só ele, o Governador do Estado, e a pessoa doente. E tenho a impressão de que, mesmo com todas as suas qualidades, médico ele não é. Então, ele pediu para saírem. Em segundo lugar, acho que ele está errado, mas eu respeito o poder. O Sr. Pedro Simon, que não recebeu o meu voto, é o Governador do Estado, e eu não gostaria de ver uma fotografia melancólica como esta: o Sr. Governador discutindo com guardas municipais e sendo expulso de um quarto do Hospital de Pronto Socorro. Acho isso uma coisa melancólica. Também me insurjo, às vezes, contra determinado tipo de ofensas que fazem contra o Prefeito. Acho que não é o caso. O Prefeito também não recebeu meu voto, mas é o meu Prefeito, como é o Sr. Pedro Simon, nosso Governador.

 

O Sr. Brochado da Rocha: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero registrar, primeiro, o trabalho que V. Ex.ª desenvolveu hoje de manhã no sentido de fazer o levantamento desses fatos. Quero também deixar registrado nos Anais da Casa - e submeter à consideração de V. Ex.ª - que por muitos anos se reclamava que um governador do Estado, ou que uma autoridade até mesmo municipal, comparecesse livremente ao Pronto Socorro sem segurança pessoal, sem aquela “entourage” toda, tão própria dos regimes autoritários, e, em tendo ido lá, numa atitude louvável, tenham acontecido fatos dessa ordem. Creio, no entanto, que a medida que V. Ex.ª irá anunciar é própria e justa. Acho que transformar um episódio louvável numa série de incidentes dessa ordem, em cima de outro incidente trágico, é terrível e acho que, mais uma vez, o poder civil atapeta os caminhos para que os militares ocupem os seus lugares. Acho execrável tudo isso e acho elogiável a presença do Sr. Governador do Estado, seja ele Pedro, Paulo ou qualquer outro nome, que lá compareceu, e lamento não ter sabido e podido ter feito o mesmo. Acredito que todos os Srs. Vereadores aqui presentes teriam tomado a mesma providência. Era isso que desejava registrar.

 

O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Eu também entendo que houve um desrespeito ao poder civil. Vejam V. Ex.as que situação difícil agora, quando o guarda registrou uma queixa por agressão contra o Governador! É um processo que a polícia terá que desenvolver. Verdade ou não, eu até acredito que não seja verdade, mas o guarda tem lesões corporais registradas. Há um laudo de lesões corporais feito no IML. Então, vejam, por exemplo, o Governador sendo processado numa delegacia de polícia por agressão a um funcionário muito subalterno da Prefeitura Municipal. Esses fatos desprestigiam o poder civil e causam uma grande confusão. De parte do Prefeito Municipal, S. Ex.ª fará tudo para acertar essa situação, para ver se encontra um denominador que possa esclarecer essa confusão. Eu falei com as partes. É muito confuso o ato que teria ocorrido lá.

 

O Sr. Nilton Comin: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu louvo a atitude de V. Ex.ª na aplicação do problema e na amostragem que está fazendo com alguma isenção, mas não aceito as colocações feitas pelo Ver. Zanella, que, sempre que pode, acusa o nosso Governador. O Ver. Zanella não poupa o Governador Simon, ele que foi um defensor dos regimes militares, que sempre acobertou os regimes militares. Agora, um homem democrata como Pedro Simon, que vai a qualquer ponto da Cidade, o Ver. Zanella não poupa a sua atitude. Eu acho que S. Ex.ª tem o direito de criticá-lo, mas também tem o direito de, como cidadão, fazer uma distinção, porque o cidadão Pedro Simon é um homem pacato, um homem que tem um biotipo franzino e que não tem condições físicas de agredir ninguém, ainda mais um homem possante. Muito obrigado.

 

O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Encerro, Sra. Presidente, dizendo que, nessa sindicância e nas medidas que pretendem tomar, a figura do Governador do Estado, como um respeito ao poder civil, será preservada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): O próximo orador inscrito é o Ver. Caio Lustosa, que cede seu tempo à Ver.ª Jussara Cony.

 

A SRA. BERNADETE VIDAL (Questão de Ordem): Sra. Presidente, quero comunicar que, entre as coisas ruins que estão acontecendo, uma continua acontecendo aqui na Câmara, além do atraso do pagamento: está faltando água de novo. Não é possível! V. Ex.ª perdoe se está fora do Regimento, mas tenho que registrar no Plenário, pois é insuportável trabalhar sem água.

 

A SRA. PRESIDENTE: Ver.ª Bernadete Vidal, o Presidente, Ver. Brochado da Rocha, já tomou conhecimento, já está tomando as providências, já se retirou do Plenário, inclusive, para diligenciar sobre o assunto. A Mesa agradece a questão levantada por V. Ex.ª, que realmente atinge a toda a Casa, não só aos Vereadores como ao funcionalismo.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Esta colocação é para os Vereadores aqui presentes e à assistência: eu não respondi naquele momento ao Ver. Nilton Comin, que, por sinal, se retirou, porque a próxima inscrição para falar em Comunicações era minha e não do Ver. Caio Lustosa, que passou para a Ver.ª Jussara Cony.

 

A SRA. PRESIDENTE: Vereador, segundo o espelho que esta Vereadora tem, é o Ver. Caio Lustosa que cede o seu tempo.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Não. Cleom Guatimozim, Cláudio Dubina.

 

A SRA. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Dubina cede o seu tempo ao Ver. Cleom Guatimozim.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Eu troquei com o Ver. Cláudio Dubina na presença do Ver. Frederico Barbosa.

 

O SR. FREDERICO BARBOSA (Questão de Ordem): V. Ex.ª compareceu à Mesa e comunicou a transposição de tempo. Apenas estando o Ver. Cleom na tribuna, o Ver. Cláudio Dubina aquiesceu que ele continuasse. Então, na verdade, não houve a transposição, e o Ver. Cleom falou os dois tempos seguidos.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Eu coloquei claramente que era apenas para explicar às pessoas por que eu não tinha falado naquele momento. Eu não iria fazer descortesia com a Ver.ª Jussara Cony.

 

A SRA. PRESIDENTE: Vereador, a Mesa esclareceu que o tempo da Ver.ª Jussara Cony era o tempo do Ver. Caio Lustosa.

 

A SRA. JUSSARA CONY: Sr.ª Presidente, Srs. Vereadores, Srs. Funcionários presentes nesta Câmara Municipal, honrando esta Casa. Acho que existe, talvez, um outro vírus corroendo esta Casa. Alguém está infectado com um outro tipo de vírus: o vírus do escapismo. Nós esperávamos que o Ver. Cleom Guatimozim, Líder do PDT, viesse a esta tribuna, hoje, esclarecer o retrocesso do Executivo Municipal nas negociações com o comando de greve, com a AMPA e com esta Casa. Realmente, como líder do partido que está no governo nesta Casa, essa era a atitude que esperávamos do Ver. Cleom Guatimozim. Acompanhamos com a Mesa e as Lideranças desta Casa, principalmente o Ver. Antonio Hohlfeldt, do PT, e o Ver. Lauro Hagemann, do PCB, em todos os momentos, as negociações efetuadas entre o comando de greve e AMPA com o Executivo Municipal. Nesse sentido, mais uma vez, sentimos o dever de vir a esta tribuna colocar publicamente a nossa posição em face dos últimos acontecimentos.

As últimas negociações ocorridas foram no sábado, pela manhã, e levaram esta Vereadora e os demais Vereadores que participaram ao entendimento de que as propostas discutidas por todos teriam viabilidade de serem aceitas pelo Executivo, pois o Sr. Prefeito as submeteria a seu Secretariado. No processo de negociação, tudo indicava que essa proposta teria viabilidade de ser aceita. As argumentações que levamos ao Sr. Prefeito, bem como as dos representantes do comando de greve, foram sérias, objetivas e buscavam a resolução do impasse, firmando, em todos os momentos, pelo comando e pelos Vereadores, o desejo de entendimento. No entanto, após essas tratativas - entendidas como um passo à frente nessa dura e longa caminhada -, objetivamente, o que retorna de parte do Executivo? Retorna, no nosso entender, nós, que acompanhamos todas negociações, principalmente os Vereadores Antonio Hohlfeldt e Lauro Hagemann, como um retrocesso, uma intransigência, uma insensibilidade, além de uma clara e evidente manobra no sentido de esvaziar e até mesmo acabar com o movimento dos servidores sem atendimento das suas justas reivindicações. O Sr. Prefeito mais o seu Secretariado, no momento em que se busca a conquista dos direitos dos trabalhadores num processo em curso da Assembléia Nacional Constituinte, mantém o autoritarismo, contempla os funcionários com punições, com corte do ponto e sequer aceita, sequer admite a formação de uma comissão partidária para seguir o processo de negociações e outros graves problemas que enfrenta o funcionalismo municipal, quando não tem sequer atendimento previdenciário, digno e justo como todo o trabalhador, proposta que discutimos sábado, no gabinete do Sr. Prefeito.

A afirmação que fizemos ontem, na Assembléia Geral, reafirmamos neste momento, aqui, da tribuna desta Casa. Somos testemunhas do empenho desta Casa e das Lideranças no sentido de mediar esta situação, agindo como Líder do PC do B, junto com o Líder do PT e do PCB, aliás, partidos citados pelo Sr. Prefeito em críticas sobre o dito ativismo político, saídas na imprensa, mostrando uma atitude reacionária, que nega o seu passado, o passado do Sr. Alceu Collares. Como Vereadores que sempre se fizeram presentes, cujo comportamento público, admitido por esta Casa, em muito tem colaborado na busca de soluções, só temos a repudiar a atitude do Executivo Municipal na pessoa do Sr. Prefeito e do seu Secretariado, que demonstram, com a imprevisão, não estarem sensíveis, não estarem atentos ao grave problema que vivemos, e que viverão, inclusive, os funcionários, em prejuízo dos funcionários, e que virá em prejuízo da própria Cidade de Porto Alegre.

Mas, a Sr.ª Presidente e Srs. Vereadores, Srs. Líderes de Bancada que têm participado destas negociações, o que está ocorrendo neste Município é importante e serve para desmascarar o populismo, o “socialismo moreno” desta administração populista, com o descaso dado a esta Cidade, com o tratamento dado aos funcionários municipais, esteio de uma administração. São exemplos concretos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aliados à demagogia do grande líder, que, em seu pronunciamento no horário político de seu programa, em nenhum momento trouxe soluções para a resolução dos graves problemas da Nação Brasileira. Em que momento falou em reforma agrária para resolver o problema do campo e da cidade também? Propôs colonização do campo, quando os trabalhadores do campo e da cidade, quando a Nação inteira propõe e luta no processo da Assembléia Nacional Constituinte por uma reforma agrária antilatifundiária, que resolva, efetivamente, os problemas graves da Nação. Em que momento toca na questão de fundo da dívida externa? Em que momento propõe, como as demais correntes, como as correntes progressistas deste País, a suspensão do pagamento da dívida externa deste País para aplicar esse dinheiro da dívida, que não foi contraída pelo povo brasileiro, para resolver os problemas sociais deste País? Talvez no sentido de agradar o imperialismo, nem sequer toca na questão do militarismo, que continua, ainda hoje, tendo ação efetiva do atual mandatário da Nação, o Presidente Sarney, que foi à televisão e discursou prepotentemente, a mando, sim, dos militares.

Hoje, o PDT quer diretas. Diretas já conquistamos! Tem de ser eleições já, e nem em 88. Já trouxemos aqui a proposta do nosso partido: eleições quatro meses após a promulgação da Assembléia Nacional Constituinte. Quando lutávamos por diretas-já, o povo brasileiro inteiro na rua, o grande líder propunha a prorrogação por dois anos do general de plantão, o Gen. Figueiredo. Isso é o PDT. Isso é o populismo. Isso é o socialismo moreno. E, como dizíamos em outra oportunidade, socialismo não se adjetiva. Há de ser conquistado, sim, com a luta do povo brasileiro, só que, Ver. Isaac Ainhorn, em nenhum momento fugimos - o nosso partido - de estar ao lado da luta pelos direitos de todo cidadão. Temos dado demonstração de compromisso e coerência, inclusive assinado, nesta Casa, em alguns momentos, ao lado de seu Líder e do Ver. Adão Eliseu, que se faça justiça.

Nós esperávamos que a Liderança do PDT tivesse vindo, no início desta tarde, a esta tribuna não para justificar, mas que pelo menos, enquanto liderança de um partido com assento nesta Casa, com maioria, eleito através do voto popular, reclamasse e colocasse como estamos colocando aqui, frente a esta Casa e à população de Porto Alegre. Exigimos o respeito que este Legislativo tem que ter por parte do Executivo Municipal. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Artur Zanella por cessão de tempo da Ver.ª Bernadete Vidal.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sra. Presidente e Srs. Vereadores. Quero dizer ao Ver. Nilton Comin que nomeados e indicados foram os governadores à época e que funcionários não eram nomeados e nem indicados. Os funcionários ou eram concursados ou eram CLT. No meu caso - vou deixar mais uma vez bem claro -, entrei por concurso em 1962, com o Governador Leonel Brizola. E muitos aqui, mesmo da época de ditadura ou coisa que o valha, trabalham no Estado. O Ver. Cleom Guatimozim é funcionário do Estado, a Ver.ª Teresinha é professora do Estado, o Ver. Adão Eliseu é coronel da Brigada do Estado, e não me consta que nenhuma destas pessoas tenha compactuado com certas coisas. Nós somos e sempre fomos funcionários do Estado e para governador precisava uma eleição que não existia. Inclusive o próprio Dr. Sanchotene Felice, que é quem está demitindo mais neste Governo, foi candidato a Deputado pela ARENA ou pelo PDS, se não me engano, e foi um diligente presidente da FEBEM; o Dr. Sinval Guazelli, para quem não sabe, foi o Governador deste Estado. Enfim, nós não estamos aqui revirando coisas e nem indicando nomes. E também não quero ser dedo-duro de ninguém, mas há muita coisa nesta política.

Em segundo lugar, eu não ando procurando criticar o Dr. Pedro Simon. Pelo contrário, V. Ex.ª, agora, vai-me chamar, novamente, até de elitista, pois o Governador, quando sai, leva um oficial que se chama Ajudante de Ordens, e este tipo de coisa, de tirar gente do quarto ou carregar doentes, que o Pronto Socorro faz e muito bem, não é função do Governador do Estado, não é função de V. Ex.ª, não é função de ninguém e, sim, dos funcionários do Pronto Socorro.

Mas eu queria deixar isso de lado e, já que V. Ex.ª quer debater o assunto, eu trataria de outras coisas. Eu tenho aqui o jornal, onde a FARSUL, homenageada há poucos dias aqui, diz que a assessoria do Sr. Governador, em termos de demissão de veterinários, é criminosa. E ambos usam os mesmos argumentos. O Dr. Marimon e o Presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários, Onix Lorenzoni, usam o mesmo argumento do Dr. Jarbas Pires Machado. Eles dizem que o trabalho dos veterinários e dos guardas veterinários fez com que a febre aftosa tivesse baixado de 423 mil casos para 244 animais. O Dr. Jarbar Pires Machado diz o contrário, que este trabalho foi tão bom que agora podem ser demitidos. E disse mais: o que causa a febre aftosa não são as demissões e sim os vírus. E alega que, de 1724, baixou para 1480, e que com aquele número existem mais de dois guardas sanitários por distrito, o que comprova que não estamos tão mal assim em promover a redução do pessoal. Em resumo, se o trabalho é bem feito e baixa a febre aftosa, tem que demitir as pessoas que trabalharam. Quem vai fazer o serviço agora? Provavelmente os vacinadores. Se baixar a febre, tem que colocar na rua. Agora, isto não é uma coisa acidental. O meu chefe no Estado, Dr. Cláudio Alcurso, diz o seguinte: “A economia gaúcha não tem vocação para ser agrícola”. Termina dizendo: “Se uma família rica pode contratar um médico, por que um fazendeiro rico não pode contratar um veterinário?” Só que esse veterinário que está sendo demitido é o que cuida da sanidade do rebanho que entra nos frigoríficos, nos abatedouros; não é um veterinário do fazendeiro. Ele tem que inspecionar a carne para ver se o animal está com tuberculose, brucelose, aftosa, etc, enfim, todas aquelas doenças. Ver. Comim, V. Ex.ª, como estudioso na área - eu imagino lá na SUCAM, onde V. Ex.ª tão bem dirigiu -, ao verificar que estava extinto o “barbeiro” mandou demitir todos os funcionários porque não precisava mais deles? O Sr. Secretário da Saúde, ao levantar o problema na FESP, diz que o grande problema não são as ilegalidades, que, se existem, são em pequena escala. O problema lá são as irregularidades, a forma pouco transparente como o negócio era feito. (Lê.) “A gente pode questionar a ética desse recebimento duplo de salário” - que não é recebimento duplo, é uma compensação, diga-se de passagem - “mas há algumas instituições que precisamos preservar, e uma delas é a FESP, Fundação de Saúde Pública, que pode agilizar o trabalho e permite um padrão melhor de remuneração salarial, numa Secretaria que põe 3200 recebendo menos que um salário mínimo”. Isto na Secretaria da Saúde.

E finalmente, para V. Ex.ª, que acusou o Vereador contra o Governador Pedro Simon, eu leria também notícia de hoje dos jornais - eu, ultimamente, só trabalho em cima de jornais - de que a Secretaria do Planejamento do Estado buscava, ontem, documentos que tratavam da aposentadoria do ex-Governador. Vejam bem que, se alguém anda procurando achar erros ou desvios, este alguém não é este Vereador. Então procurando, aqui, documentos que comprovem se a aposentadoria de dentista do ex-Governador foi corretamente deferida ou não. Mas tudo isto, Ver. Nilton Comin, Sr.ª Presidente, Srs. Vereadores e Srs. Funcionários que me ouvem, vem dentro de uma tese, de uma batalha que eu, lá na assembléia dos funcionários e aqui, disse há poucos dias. O que me preocupa, além dos aspectos pessoais do indivíduo, é o desmantelamento de uma máquina administrativa, uma máquina que, bem ou mal, na Prefeitura Municipal e no Governo do Estado do Rio Grande do Sul, está sendo desmantelada. Eu não quero dizer que o Governador ou o Prefeito sejam culpados - isso não vem ao caso.

Outro dia, citei aqui o caso da Secretaria Municipal de Transportes, que é a melhor Secretaria de Transportes do País e que dá assessoria para diversos Estados, para Brasília, inclusive. Hoje eu vejo no DEMHAB a exoneração, a retirada da chefia de técnicos que durante décadas trataram com o Banco Nacional da Habitação, com todo o trabalho que uma equipe faz. É a melhor equipe, a mais antiga equipe de habitação popular do Brasil. Hoje sai a demissão da chefia de todos eles, sai a retirada da Dedicação Exclusiva da maioria dos técnicos do DEMHAB, sai uma delas que, por sinal, é uma das diretoras do núcleo do PDT, uma arquiteta. Isso é o desmantelamento de uma máquina.

Ontem achava-se que era pouco um motorista de ônibus ganhar nove mil cruzados, que não são nove mil cruzados, pois, com as horas extras tiram muito mais. Os técnicos-científicos do Estado e Município ganham muito menos que isso. Não critico ninguém. O que vejo é o desmantelamento. O que me entristece profundamente, a mim, que fui funcionário público estadual, é o desmantelamento dessa estrutura, o que, no futuro, nos trará os maiores problemas.

 

O Sr. Nilton Comin: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª vem sistematicamente acusando nosso Governador Pedro Simon. É um direito de V. Ex.ª. Continua seguindo a mesma linha, aquela linha em que o poder civil não podia se apresentar aos olhos dos eleitores. Pedro Simon, homem correto, honesto, capacitado, está sofrendo um problema de desgaste porque isto é próprio de quem recebe votos. O desgaste é natural, entendemos. Os funcionários merecem aumento? Merecem, mas V. Ex.ª não dá trégua ao Governador para que ele procure dar um atendimento dentro dos recursos possíveis. Sua acusação contra Pedro Simon é sistemática e isso me revolta. A miscelânea colocada por V. Ex.ª tem fundamento em muitos pontos. Não sou eu quem irá tirar-lhe a razão, mas, toda vez que V. Ex.ª vier à tribuna e acusar o Governador sistematicamente, eu, como partidário, como correligionário, tenho o direito e dever de defendê-lo.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: V. Ex.ª não entendeu nada. Estou defendendo o Governador Pedro Simon. Uma última lembrança é que o Governador que o antecedeu, de quem fui Secretário, foi colocado no Piratini também pelo voto, derrotando coincidentemente o Governador Pedro Simon nas urnas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Auro Campani, que cede o seu tempo ao Ver. Kenny Braga.

 

O SR. KENNY BRAGA: Sra. Presidente e Srs. Vereadores. Não pretendia, realmente, discursar nesta tarde, mas fui instigado pelo discurso veemente da Ver.ª Jussara Cony, do PC do B. Gostaria de dizer à Ver.ª Jussara Cony que os seres livres têm o direito de optar por uma ou por outra agremiação partidária. Nós, do PDT, optamos pelo socialismo moreno, tão criticado pela Ver.ª Jussara Cony, e ela optou pelo socialismo albanês, que é o mais retrógado e mais fechado do planeta. A Albânia é um raro país europeu que não tem nenhuma vinculação grande com outro país, comercial, a não ser a Grécia, que é a sua vizinha do lado, porque não entende a evolução, não aceita outros modos de vida, a não ser aquele que é imposto pelo chefe do politburo. Então, Ver.ª Jussara Cony, a nossa opção é muita clara: nós optamos pelo socialismo moreno e V. Ex.ª optou pelo socialismo albanês, que durante 40 anos teve como líder supremo um homem só, que só saiu do poder em decorrência da geriatria, porque estava excessivamente velho e teve que sair do poder. Foi deposto pela senilidade. Então, é este tipo de regime que a Ver.ª Jussara Cony defende e que tenta passar para ouvintes incautos, não afeiçoados as lides políticas e ideológicas. Mas eu não pretendo, evidentemente, fazer um debate contra a Ver.ª Jussara Cony, até porque tenho vários amigos comunistas aos quais respeito muito, entre eles o Ver. Lauro Hagemann que, infelizmente, está ausente deste Plenário e que sempre foi um militante comunista que assumiu publicamente as suas idéias e que nunca se valeu da atração de outras legendas partidárias para vender o seu peixe. Então, tenho profundo respeito pela luta dos comunistas, daqueles comunistas que assumem publicamente a sua postura ideológica e não se escondem atrás de outras legendas, legendas charmosas para faturar votos. Se tivesse que discutir ideologicamente, escolheria um adversário à altura do Ver. Lauro Hagemann e não um adversário minúsculo ideologicamente, como a Ver.ª Jussara Cony.

 

(Manifestações das galerias.)

 

Gostaria de flagrar nesta tarde, aqui, algumas contradições terríveis da Nova República, que o Ver. Clóvis Brum defende. Eu tenho assistindo, nos últimos dias, ao recrudescimento da censura no País e, por incrível que pareça, o recrudescimento da censura está sendo comandado pelo Ministro da Justiça, Sr. Paulo Brossard, que, durante a ditadura militar, foi um dos mais cáusticos críticos da censura. Lembro-me que, em determinada oportunidade, o Ballet Bolshoi esteve proibido de se apresentar no Brasil e o então Senador Paulo Brossard fez um discurso antológico no Congresso, criticando a atitude do Presidente Figueiredo, que não permitia a apresentação do Ballet Bolshoi. Faturou tremendamente com aquele discurso porque ele estava na oposição e era época de faturar. E as pessoas se encantaram com o discurso do Brossard, com todos os discursos dele, como estão fazendo, hoje, com relação à Ver.ª Jussara Cony, só que, no momento em que ele chegou ao poder, todas as convicções vieram abaixo e o Sr. Paulo Brossard fechou inteiramente com a censura. Além disso, está ocorrendo hoje uma coisa no Brasil que, como diria o saudoso cidadão Ponte Preta, coloca o nosso País, Ver. Hermes Dutra, no terreno perigoso da galhofa. O Governo Sarney mobilizou o Serviço Nacional de Informações para saber qual o grau de fidelidade dos Governadores à sua pessoa e ao seu governo. De acordo com o grau de fidelidade dos Governadores, ele libera ou não recursos para fazer as obras de que os Governadores precisam. Isso nunca tinha ocorrido no Brasil. A gente sabe que os governantes se valem do seu poder para liberar ou não verbas, só que não dizem isso. Só que agora o descaramento é tão grande - e está nas capas dos principais jornais do País -, que os Governadores estão sendo cuidados de cima pelo SNI, para saber se são leais ou não ao Presidente José Sarney. Então, realmente, a situação é extremamente difícil.

O discurso do Presidente foi um voto branco contra as instituições, contra a Constituinte e, lamentavelmente, o partido majoritário no Congresso, o partido que se beneficiou do engodo do Plano Cruzado, pela envergadura da união dos seus representantes, está calado diante do golpe branco desfechado pelo Sr. José Sarney. O PMDB, outrora tão altivo no centro da ditadura, está absolutamente silente diante do esmagamento das instituições e diante do atropelo da Constituinte.

Eu gostaria que muitos discursos feitos durante a época da ditadura fossem desengavetados agora para que o povo tomasse conhecimento deles. São os falsos líderes políticos que hoje assumem uma posição e que amanhã assumem outra. Eu tenho autoridade moral para falar isso porque sempre estive no mesmo partido, sempre fui do mesmo lado. E eu não estou, evidentemente, aqui à procura de alguém que me dê atestado ideológico. O meu atestado ideológico está escrito nas minhas atitudes e no meu comportamento. Não tenho obrigação de fechar com grupos organizados, mas tenho, sim, obrigação de fechar com a minha consciência. E não tenho medo de massa de manobra. E não tenho medo do confronto das idéias e dos argumentos.

Agora, só detesto é o esmagamento, o dilaceramento do princípio da autoridade, que ainda ontem estava sendo objeto de um artigo muito sério, um artigo de fundo do Jornal do Brasil. O Rio Grande do Sul, hoje, é colocado como um Estado onde não se pode governar. É colocado como um exemplo de Estado ingovernável. E, se é verdade que a crise política, econômica é responsável por este estado de semi-anarquia, também é verdade que lideranças irresponsáveis estão contribuindo para isso e, certamente, nenhum democrata será beneficiado com esta situação. Só serão beneficiadas aquelas pessoas que jogam no time do endurecimento e da ditadura militar. Os sintomas de que há nos quartéis uma inquietação grande, em face do que está acontecendo em todo o País, só não vê quem não quer. Como eu não estou apostando no caos, nem na anarquia, nem na bagunça, nem na quebra do princípio da autoridade, eu estou extraordinariamente preocupado com o que está acontecendo com o Governo do Estado e com o que está acontecendo em Porto Alegre, com agressões da autoridade, com palavrões de toda a natureza, com desrespeito ao ser humano, que o ser humano, mesmo sendo adversário, tem que ser respeitado, e isso não está acontecendo. E toda a situação estão colaborando para que nós cheguemos a um momento em que teremos que lamentar que outras soluções que não aquelas que nós preconizamos serão irremediavelmente tomadas.

 Não sou eu quem está dizendo isso. É o Jornal do Brasil, do alto da sua autoridade editorial, que está dizendo que o Estado do Rio Grande do Sul é absolutamente ingovernável. Se o Estado do Rio Grande do Sul é ingovernável, todos nós temos responsabilidade com isso. Não é o Governador Pedro Simon que tem a responsabilidade de resolver os problemas sozinho. E não é o Prefeito Alceu Collares que tem a responsabilidade de resolver os problemas sozinho. É o povo gaúcho que está em jogo. É a nossa História que está em jogo.

 

A SRA. PRESIDENTE: Vereador, V. Ex.ª está falando em tempo de Liderança, cedido pelo Ver. Cleom Guatimozim.

 

O SR. KENNY BRAGA: Eu agradeço ao Ver. Cleom Guatimozim.

Então, eu acho que este é um momento de graves reflexões. E eu sei das dificuldades financeiras por que passam todas as categorias profissionais. As dificuldades financeiras não são o privilégio, entre aspas, de uma única categoria profissional. As dificuldades se esparramam por toda a sociedade brasileira. Porque este País está sendo violenta e inapelavelmente sucateado por empresas transnacionais, com a cumplicidade dos testa-de-ferro nacionais, que levam o melhor do nosso suor e do nosso trabalho. Isso não pode de ser, de forma alguma, resolvido através da radicalização barata e inconseqüente, através da agressão verbal pura e simples ou através de discursos demagógicos que visam ao aplauso fácil, que não é o caso de nenhum Vereador sério desta Casa.

Eu gostaria imensamente que a Ver.ª Jussara Cony colocasse seu dom da oratória, seu brilhantismo pessoal, para criticar os testas-de-ferro que infestam o Governo brasileiro e que, até ontem, tinham o apoio do partido a que pertencia. Ela deveria criticar Ministros como Antônio Carlos de Magalhães, que durante dez anos ensejou o enriquecimento do seu genro, hoje um dos maiores proprietários da Bahia, utilizando-se de favores públicos concedidos pelo sogro. Mas, incrivelmente, absurdamente, a Ver.ª Jussara Cony volta sua oratória contra aquele que é, hoje, a única esperança e salvação do povo brasileiro, que é Leonel de Moura Brizola.

 

(Manifestações das galerias.)

 

A SRA. PRESIDENTE: A Mesa solicita silêncio.

 

O SR. KENNY BRAGA: Quem está dizendo isso não sou eu, mas, sim, as pesquisas de opinião pública publicadas em todos os jornais.

 

(Manifestações das galerias.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Ver. Kenny Braga, a Mesa interrompe V. Ex.ª para solicitar silêncio às galerias, pois todos desejamos ouvir o orador ora na tribuna.

 

O SR. KENNY BRAGA: Convivo tranqüilamente com a vaia e com o barulho, porque fazem parte da democracia. Mas não sou eu que estou afirmando que Leonel de Moura Brizola é a esperança e a salvação deste País. São as pesquisas de opinião pública, publicadas, aliás, em um dos jornais que, sistematicamente, faz oposição. Não é jornal identificado com o PDT ou Brizola que está publicando isso. É um Jornal do Brasil que nada tem a ver com o PDT ou com Leonel de Moura Brizola. Foi uma pesquisa de opinião pública feita no eixo Rio-São Paulo, onde as coisas realmente são decididas, onde Leonel Brizola tem 38% de preferência do eleitorado. Não será qualquer grupinho, ou qualquer partidozinho que vai impedir a candidatura de Leonel Brizola. As siglas partidárias têm que se conformar diante da realidade. O crescimento de Brizola existe e independente da vontade de uns e outros. O que lamento é que pessoas que se dizem progressistas critiquem injustamente a única liderança confiável, com dignidade, que existe neste País.

Nesse sentido, a Ver.ª Jussara Cony não presta um serviço à democracia brasileira. Ela presta um serviço aos generais que querem expulsar Brizola do País. Nesse sentido, a Ver.ª Cony Jussara e os generais pensam a mesma coisa. Ela está contra Brizola e os generais estão contra Brizola. É esse fascismo tupiniquim que a Ver.ª Jussara Cony não entende. Ela se coloca a favor das forças reacionárias deste País e se coloca contra o único líder que tem condições de modificar este País, ambos com o objetivo reacionário e descarado de bombardear a liderança de Leonel Brizola. Esses argumentos são inconcebíveis e mantém o ódio barato que nos últimos dias perpassa todos os discursos que ouço em Porto Alegre. A impressão que se tem é que pessoas inconformadas com o resultado das urnas querem destruir a Administração do PDT em Porto Alegre. Só que não conseguirão, porque são forças anêmicas, raquíticas e que, no jogo da democracia, não pesam coisa nenhuma. Independentemente das vontades, o PDT em Porto Alegre está construindo um projeto administrativo e tem compromisso com a esmagadora maioria dos cidadãos desta Cidade. O Prefeito é o Prefeito de todos os cidadãos de toda a Cidade. Não é o Prefeito da classe A, B, nem da categoria profissional A ou B. É o Prefeito de todos os porto-alegrenses. Enquanto o Prefeito Alceu Collares pensar no interesse da maioria, pensar se ele pode fazer algo pela maioria, terá da Bancada do PDT nesta Casa o apoio irrestrito, porque esta é uma bancada disciplinada e que sabe que para onde se inclina a maioria é que está o melhor. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PMDB. A palavra com o Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr.ª Presidente, Srs. Vereadores, imaginava que hoje, terça-feira, estivessem os funcionários municipais trabalhando e a comissão paritária proposta pelo Prefeito, não pelos funcionários, examinado, com os setores técnicos da Prefeitura, a situação final do reajuste salarial. Imaginava eu, Sr.ª Presidenta e Srs. Vereadores, que pudéssemos passar o fim-de-semana com tranqüilidade, porque a comissão paritária partiu do Prefeito Alceu Collares. Borrar - e ele usou esse termo. Passemos um mata-borrão em todas as punições. Partiu do Prefeito Collares. Questionado o ponto, ele até acenava com desconto, sem abonar na ficha funcional. E os funcionários, pelas suas lideranças, se inclinavam a aceitar essa proposta e fazer uma paralisação na sua greve para que essa comissão paritária pudesse examinar com calma o problema angustiante dos funcionários.

Estou perplexo, realmente perplexo, porque os discursos que ocorreram aqui, nesta tarde, em momento algum questionaram a autoridade do Prefeito. Para mim, ela é intocável! Eu sou um amante das leis! Agora, o que não é intocável, Sr.ª Presidente e Srs. Vereadores, é o compromisso não honrado. Ora, se havia se encaminhado ao longo de quase uma semana de negociação, onde as lideranças da Casa estiveram presentes... A véspera de uma assembléia, o Prefeito resolve desfazer tudo que havia tratado, não cumprir aquilo que havia proposto. Partiu da iniciativa do Prefeito a comissão paritária. Partiu de sua iniciativa abonar as faltas, tornar sem efeito as punições. E o Prefeito pedia apenas a paralisação da greve. Inclinavam-se os funcionários para essa trégua e para esse entendimento. E para espanto de todos da Cidade, o Prefeito torna sem efeito tudo aquilo que havia prometido e deixa os seus funcionários jogados à própria sorte. É lamentável, profundamente lamentável esta situação. Estava tudo encaminhado. Se não houvesse qualquer entendimento, eu não estaria perplexo e nem falando nesta oportunidade, Ver. Kenny Braga. Eu saí na sexta-feira do gabinete do Sr. Prefeito, ouvindo de viva voz, do Sr. Prefeito, a disposição desse entendimento. E depois ele volta atrás! E aí não passou um borrão nas punições; passou um borrão nas promessas que havia feito, nos compromissos que havia firmado. Os detalhes seriam discutidos posteriormente, mas o volume das negociações, que estavam sendo conduzidas em um alto nível, de um aumento para outro, é esquecido, é pisado, é desonrado pelo tratamento que se dava.

 

(Apartes paralelos.)

 

O Governador não puniu ninguém ainda. E vou dizer mais: se punir, como Líder do PMDB, não virei para cá defendê-lo, absolutamente. Já disse neste Plenário - digo agora, e o farei sempre que for necessário: não se resolve problema de funcionários com punição.

(Manifestações nas galerias.)

 

A punição não é o caminho certo, nem o adequado, nem inteligente, nem competente para resolver os problemas dos funcionários, mas negociando, se entendendo num clima de fraternidade e não de irreverência e nem de prepotência. Lamentavelmente, o Prefeito perdeu uma grande oportunidade de reconduzir as negociações e finalizar as negociações já na segunda-feira.

Srs. Funcionários - nem poderia ser de outra maneira -, continuamos solidários na busca de um entendimento que dê uma satisfação em termos de retribuição pecuniária aos funcionários e dê uma saída, por que não dizer, ao Executivo. Mas o Executivo deverá, agora, reconduzir as negociações. Esta Casa já fez demais. As Lideranças bateram à porta do Prefeito mais de dez vezes e ele, insensivelmente, joga pela porta dos fundos uma cartada decisiva que resolveria o problema dos funcionários e a Cidade estaria atendida. O Prefeito parece que não quer atender esta Cidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PC do B. Com a palavra, a Vera. Jussara Cony.

 

A SRA. JUSSARA CONY: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, Srs. funcionários, sobre a questão e o nosso posicionamento em relação ao grave momento em que vivemos já ocupamos o tempo cedido pelo Ver. Caio Lustosa, o que causou desespero ao Ver. Kenny Braga. Agora, Vereador, a nossa prática política é inquestionável não apenas desde o momento em que assumimos nesta Casa, mas anteriormente, em épocas duras, quando V. Ex.ª também demonstrou uma efetiva participação na busca da democracia, da liberdade e dos direitos do povo. E é na prática política cotidiana, diária, que se define. Um grande comunista do meu partido, Diógnes Arruda, dizia: “Ser comunista é uma opção cotidiana”. E talvez seja por aí a maior honra que temos de em nenhum momento fugir da prática política e da direção dada pelo nosso partido. E é com questões concretas que venho, neste momento, a esta tribuna, até porque, Vereador, lembro toda uma luta anti-imperialista que lideramos desde a época estudantil como uma das dirigentes nacionais na área farmacêutica, posteriormente assumindo as nossas entidades, das quais não nos afastamos a ponto de coordenarmos, no Rio Grande do Sul, o Comitê pela Criação da Indústria Químico-Farmacêutica Estadual.

Teremos a honra de, amanhã, representando esta Casa e este comitê, lançarmos a campanha nacionalmente, num congresso liderado por todas as entidades farmacêuticas, tendo à ponta a Federação Nacional dos Farmacêuticos. Inclusive, aproveito este momento para dizer aos municipários que não nos estamos afastando, em nenhum momento, dessa luta. Iremos lançar essa campanha por um compromisso, inclusive do nosso partido, na luta anti-imperialista, do qual não nos afastamos em nenhum momento. Não estamos ao sabor de acontecimentos e de necessidade de sermos ou não candidatos a alguma coisa para abandonar uma luta essencial. E é concretamente que lhe trago hoje a informação. No horário do meio-dia, infelizmente, vimos a derrota daqueles que têm esta luta, da Comissão de Assuntos Econômicos, e lá estava o Deputado Federal do nosso Partido, Aldo Arantes, pertencente a essa Comissão, denunciando a submissão da maioria dos Deputados da Assembléia Nacional Constituinte, que pertencem àquela comissão, esta submissão que temos denunciado em todos os momentos. V. Ex.ª e o povo desta Cidade são testemunhas da postura que sempre tivemos em relação ao Governo Sarney, e há pouco levantávamos da tribuna - talvez V. Ex.ª não estivesse prestando atenção - os desmandos, a capitulação da Nova República, denunciando o que está sendo feito em termos de reserva de mercado e da entrega da soberania da Nação em indústrias essenciais, como a química e a farmacêutica, às multinacionais, ao lado das multinacionais, no Congresso Nacional. Pois concretamente, na pequenina Albânia, o Conselho de Ministros da República Popular e Socialista da Albânia anunciou a redução no preço de 41 tipos de medicamentos produzidos pela indústria nacional. V. Ex.ª tem razão: na República Popular da Albânia não se admite a ingerência do capitalismo, como infelizmente se admite neste País. Mas esta é a luta, e a conquista é a derrubada do capitalismo e a implantação do socialismo, onde realmente poderemos ter uma indústria quimico-farmacêutica nacional, reduzindo o preço dos medicamentes. Aliás, isto trouxe uma economia anual de quatro milhões de lekes, moeda albanesa, para o povo albanês. Esta foi a segunda redução de preço, desde 1983, contemplando 137 tipos diferentes de medicamentos - outro avanço da República Popular Socialista da Albânia. Cento e trinta e sete tipos de medicamentos para resolver os problemas de saúde do povo albanês, que são bem menores que os nossos! E isto sem a ingerência de mais de 40 mil especialidades oriundas das multinacionais. E aí está. Como V. Ex.ª vê - e V. Ex.ª é um homem inteligentíssimo, tem o dom da oratória -, não adianta, Vereador: socialismo científico é isto, socialismo moreno é aquilo. Muito obrigada

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos da presente Sessão e convoco os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental.

 

(Levanta-se a Sessão às 15h28min.)

 

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